15.1.08

Dupla inteligente


>
> > Assunto: Carta da mãe portuguesa
> >
> > Lisboa, Portugal
> >
> > Querido filho:
> >
> > Escrevo-te estas linhas para que saibas que a mãe
> > está viva!
> > Vou escrever bem devagar pois sei que não consegues
> > ler depressa.
> > Caso estejas sem tempo de escrever à mãe, manda uma
> > carta dizendo que quando estiveres mais tranqüilo
> > vais mandar notícias.
> > Se tu viesses hoje aqui em casa não irias reconhecer
> > mais nada, porque mudamos.
> > Temos agora uma máquina de lavar roupa, mas não
> > trabalha muito bem, na semana passada pus lá 14
> > camisas, apertei o botão e nunca mais as vi. Vai ver
> > que esta marca "Vasos Sanitários Hydra" não é das
> > melhores.
> > Tua irmã Maria está grávida, mas ainda não sabemos
> > se vai ser menino ou menina, portanto, não podemos
> > te dizer se vais ser tio ou tia.
> > Teu pai arranjou um bom emprego, tem 2300 homens
> > abaixo dele, é o responsável pelo corte da grama do
> > cemitério.
> > Quem anda sumido é teu tio Venâncio, que morreu no
> > ano passado.
> > Lembra-te do teu tio Joaquim? Então, afogou-se no
> > mês passado num depósito de vinho. Oito compadres
> > dele tentaram salvá-lo, mas o tio lutou bravamente
> > contra eles. O corpo foi cremado há duas semanas,
> > levaram oito dias para apagar o incêndio.
> > Os engarrafadores de refrigerante aqui finalmente
> > tiveram uma grande idéia de colocar uma indicação na
> > tampinha, dizendo "abra por aqui".
> > Facilitou-nos muito a vida. Espero que os daí façam
> > a mesma coisa. Caso esteja difícil para ti, a mãe te
> > manda algumas garrafas. Teu irmão, João, continua o
> > mesmo de sempre. Semana passada fechou o carro com
> > as chaves dentro. Perdeu um tempão indo até a casa
> > pegar a cópia da chave, para poder tirar-nos todos
> > de dentro do automóvel. Estava um calor de rachar.
> > Por falar em calor, o tempo aqui está muito
> > estranho.
> > Esta semana só choveu duas vezes, na primeira vez
> > choveu durante 3 dias, na segunda vez choveu durante
> > 4 dias.
> > Esta carta te mando através do Gabriel, que vai
> > amanhã para aí.
> > A propósito, será que podes pegá-lo no aeroporto?
> > Lembrei de uma coisa importante. Terás um problema
> > para falar com a mãe, caso decidas escrever-me, não
> > sei o endereço desta casa nova. A última família que
> > morou aqui, antes de nós, também era portuguesa e
> > levou a placa da rua e o número da casa para não
> > precisar mudar de endereço.
> > Se encontrares a Teresa, dê-lhe um alô da minha
> > parte. Caso não a encontres não precisas dizer nada.
> >
> >
> > Adeus.
> >
> > Tua mãe que te ama Fátima Manoela da Alcova
> >
> > P.S.: Ia mandar-te 2000 escudos, mas fica para outra
> > vez.
> > Já fechei o envelope!

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