Raimundo Barbeiro entra na agulha.
Chegou dia de Raimundo Barbeiro tomar a vacina
contra a gripe, à qual o povo dava o nome de vacina dos véio. Bem
magrilim, foi animadim procurar a esposa, pensando em dar uma bisoiada
na enfermeira loira do hospital.
- Muié, cadê minha cardeneta?
- Tá na gaveta embadapia, home!
Raimundo tinha as coisas em ordem. Na caderneta, as anotações com relação à sua saúde, da qual cuidava
com todo o esmero. Na fila do arremedo de hospital que havia em Tabuí,
nosso herói era amigo de quase todo mundo e batia papo com um e com
outro enquanto esperava sua vez de entrar na agulha. Entrega sua
caderneta pra uma moreninha de branco e fica de butuca esperando ela
chamar seu nome. Niqui chega a hora, a moça olha pra ele com o rabo do
olho e, parecendo assustada, comenta alguma coisa com a colega loira - a
paixão do Raimundo. Olha pra ele de novo e faz um gesto de dúvida. Até
que pergunta:
- Foi aqui memo que o sinhô tomô a úrtima vacina?
A pergunta aziou o Raimundo Barbeiro. Já tão
creno que tô caduco! Isso é o que dá, botá aqui essas moça que nem sabe
lê direito, pensou ele.
- É craro que foi, uai! Causdiquê só vacino aqui, ô sá!
- Como é memo o nome do sinhô?
- É Remundo, muié! - respondeu ele, pronto para apelar.
- Mas é c'aqui tá iscrito vacina anti-rábica e seu nome num é Sadan Houssein?!!!
Raimundo baixou a cabeça, sem saber onde colocar
a cara, tamanha a vergonha que passou, na frente da turma e vendo a
enfermeira loirinha dar uma gargalhada. Só aí é que descobriu que pegara
o documento na gaveta errada, a do cachorro. Sua desculpa, com sorriso
amarelo, falando baixinho no ouvido da enfermeira moreninha, foi:
- É a droga da minha muié, uai! Ela só apronta bagunça naquela casa, sô!
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